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Dólar sobe 1,19% e fecha cotado a R$ 5,45; Ibovespa recua

No mês, a moeda norte-americana acumula alta de 3,88%

Após o alívio das duas sessões anteriores, o dólar à vista subiu mais de 1% nesta terça-feira, 25, no Brasil, para acima dos R$ 5,45, com as cotações impulsionadas pelo exterior, onde a moeda norte-americana tinha ganhos firmes ante as demais divisas, numa inversão do movimento da véspera, quando investidores foram em busca de ativos de maior risco.

A divulgação da ata do último encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central e as declarações do diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, foram acompanhadas de perto, mas pouco alteraram a percepção sobre o cenário doméstico.

O dólar à vista encerrou o dia cotado a R$ 5,4545 na venda, em alta de 1,19%. No mês, a divisa acumula elevação de 3,88%.

O dólar no dia

A moeda norte-americana oscilou em alta ante o real durante todo o dia, com investidores aproveitando o viés vindo do exterior para recompor posições compradas na divisa dos EUA (no sentido de alta das cotações), após as baixas mais recentes.

O movimento de busca por dólares no exterior foi favorecido por declarações da diretora do Federal Reserve Michelle Bowman, que reiterou sua opinião de que manter a taxa de juros estável “por algum tempo” provavelmente será suficiente para deixar a inflação sob controle. Ao mesmo tempo, ela reforçou sua disposição de aumentar os juros se necessário.

“A inflação nos EUA continua elevada, e ainda vejo vários riscos de aumento da inflação que afetam minha perspectiva”, disse.

Além disso, dados mostrando o aumento dos preços de residências nos EUA e uma confiança do consumidor acima do esperado contribuíam para o dólar forte.

“O dólar está ganhando de seus pares e das divisas emergentes por conta dos números (dos EUA), que vieram bons, e dos ‘Fed boys’, indicando que talvez não se corte juros este ano”, comentou durante a tarde Jefferson Rugik, diretor da Correparti Corretora.

Às 17h11, o índice do dólar — que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas — subia 0,11%, a 105,630.

No Brasil, as atenções estiveram voltadas para a ata do Copom e para as declarações de Galípolo durante videoconferência.

No documento, o Copom indicou que, além da unanimidade entre os membros quanto à manutenção da taxa Selic em 10,50% ao ano, todos concordaram que o colegiado deve “perseguir a reancoragem das expectativas de inflação independentemente de quais sejam as fontes por trás da desancoragem ora observada”.

Além disso, o documento trouxe uma elevação da taxa de juros neutra — aquela em que não há estímulo nem retração da economia — de 4,50% para 4,75%, conforme o cálculo do BC.

Já Galípolo reconheceu o incômodo com o avanço recente do dólar ante o real, mas ressaltou que o BC não tem uma meta de câmbio ou de diferencial de juros, mas sim uma meta de inflação.

Profissionais ouvidos pela Reuters avaliaram que tanto a ata quanto Galípolo trouxeram poucas novidades para o cenário. Ao mesmo tempo, segundo eles, a questão fiscal segue como um fator de preocupação para o mercado, o que ajudava a justificar nova alta do dólar ante o real nesta terça-feira.

“Ainda estamos passando por um pouco de pessimismo. Precisamos de alguma coisa que ajude minimamente o governo a acalmar os ânimos em relação ao fiscal”, comentou Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

Neste cenário, após atingir a cotação mínima de 5,4049 reais (+0,27%) às 9h36, o dólar à vista atingiu a máxima de 5,4570 reais (+1,24%) às 16h56, pouco antes do fechamento.

Pela manhã o Banco Central vendeu todos os 12.000 contratos de swap cambial tradicional ofertados para rolagem dos vencimentos de agosto.

Ibovespa

O Ibovespa fechou com um declínio modesto nesta terça-feira, encerrando uma sequência de cinco pregões no azul, em movimento determinando principalmente pela queda das ações da Vale, enquanto o Banco Central endossou o cenário de Selic estável nos próximos meses.

Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa caiu 0,25%, a 122.331,39 pontos, após acumular um ganho de quase 3% nas cinco sessões anteriores.

Na máxima do dia, chegou a 122.849,07 pontos. Na mínima, a 121.997,14 pontos. O volume financeiro na bolsa somava R$ 13,83 bilhões antes dos ajustes finais.

Na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), na semana passada, quando a Selic foi mantida de forma unânime em 10,5% ao ano, o BC defendeu a atuação firme para reancoragem das expectativas de inflação e elevou a hipótese de juro neutro.

O diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, acrescentou ao participar de uma videoconferência que, mesmo com a taxa de juros mais alta, “com expectativas desancorando você tem que ser mais cauteloso”. Ele citou incômodo do BC com nível do dólar, mas reforçou que a instituição não tem meta cambial.

Na visão do estrategista-chefe da Warren Rena, Sérgio Goldenstein, a ata referenda o cenário em que os juros ficarão estáveis ao longo dos próximos meses, com o BC buscando reverter a piora das expectativas de inflação. Mas ele avalia que a porta não está fechada para uma futura retomada do ciclo de cortes.

Ele destacou essa possibilidade particularmente se o ambiente externo ficar mais benigno, confirmando o início do processo de corte de juros nos Estados Unidos, se a postura mais dura do Copom conter o processo de deterioração das expectativas e se a percepção sobre os riscos fiscais ficar menos negativa.

Para um aumento dos juros, Goldenstein avalia que a barra é bem alta, tendo em vista que a política monetária está em patamar contracionista, o real tende a se valorizar com o início do ciclo de cortes nos EUA e as projeções com Selic constante mostram inflação em torno da meta.

“Por ora, o nosso ‘call’ é de uma Selic terminal de 9,5% em 2025, com retomada do processo de queda dos juros no final de 2024, mas o risco é de a pausa ocorrer por um período mais longo caso persistam os temores relativos à credibilidade do BC e/ou a política fiscal”, afirmou.

A sessão ainda teve na pauta números mostrando que a arrecadação do governo federal teve alta real de 10,46% em maio sobre o mesmo mês do ano anterior, somando 202,979 bilhões de reais, maior arrecadação para o mês desde o início da série, em 1995 e um pouco acima do esperado no mercado.

Em Wall Street, a terça-feira teve um fechamento misto, com o Nasdaq e o S&P 500 em alta, mas o Dow Jones em queda, contrabalançando o desempenho de ações do setor de tecnologia com dados sobre confiança do consumidor e declarações de autoridades do Federal Reserve.

DESTAQUES

– VALE ON caiu 0,41%, mesmo tendo como pano de fundo alguma recuperação do futuros do minério de ferro durante a sessão na China, com o contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian terminando em 801 iuanes por tonelada, após marcar 791 iuanes. A mineradora também lançou emissão de 1 bilhão de dólares em dívida, com prazo de 30 anos, voltada para uma oferta de recompra simultânea, pagamento de notas de 2026 e propósitos corporativos gerais.

– B3 ON encerrou com declínio de 1,81%, também pesando negativamente, conforme segue pressionada por perspectivas de aumento de competição no setor, bem como pelo cenário com taxas de juros mais elevadas. Em 2024, a ação cai mais de 27%.

– PETROBRAS PN recuou apenas 0,08%, após seis altas consecutivas, tendo como pano de fundo a fraqueza dos preços do petróleo no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado em baixa de 1,2%.

– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,31%, assim como BANCO DO BRASIL ON, que subiu 0,3%. Na contramão, BRADESCO PN perdeu 0,8% e SANTANDER BRASIL UNIT caiu 0,5%.

– MAGAZINE LUIZA ON recuou 2,96%, em dia de ajustes, após disparar mais de 12% na véspera na esteira de acordo com o grupo chinês Alibaba, pelo qual venderá produtos de seu estoque próprio na plataforma do AliExpress, que também passa a atuar como seller do marketplace do Magazine Luiza (3P).

– WEG ON avançou 1,71%, retomando a trajetória de alta após titubear na véspera, renovando máxima intradia desde 2021. No ano, os papéis acumulam uma valorização de quase 14%.

– FRASLE MOBILITY ON, que não faz parte do Ibovespa, subiu 6,57%, um dia após anunciar a aquisição de ativos do Grupo Kuo, do México, por 2,1 bilhões de reais, na maior transação da história da empresa. RANDONCORP PN, controladora da Frasle, fechou em alta de 2,64%.