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Dólar tem 6ª alta e encosta em R$2,42, apesar de forte ação do BC
O dólar avançou 0,83 por cento, para 2,4159 reais na venda, reforçando o maior o patamar em mais de quatro anos.
Apesar da forte atuação do Banco Central, o dólar teve a sexta alta consecutiva ante o real nesta segunda-feira, avançando quase 1 por cento e encostando em 2,42 reais, influenciado pelos movimentos no exterior e pela persistente desconfiança de investidores com a economia brasileira.
O BC fez neste pregão atuações como há muito tempo não se via: foram três leilões de swap cambial tradicional equivalentes a venda futura de dólares e dois anúncios de leilão, um de linha e outro de swap tradicional, para serem realizados na terça-feira.
O dólar avançou 0,83 por cento, para 2,4159 reais na venda, reforçando o maior o patamar em mais de quatro anos. Na máxima do dia, a divisa norte-americana chegou a subir 1,37 por cento, cotada a 2,4288 reais.
Segundo dados da BM&F, o giro financeiro ficou em torno de 1,7 bilhão de dólares. Nestas seis sessões, o dólar já acumula valorização de 6,24 por cento.
"O próximo nível de resistência está em 2,50 reais. A alta deve-se ao ceticismo dos investidores com os nossos fundamentos... Fora do Brasil estão aparecendo oportunidades melhores, com Europa começando a caminhar e os Estados Unidos ganhando inércia. O dinheiro vai onde tem melhores rendimentos", afirmou o gerente de análise da XP Investimentos, Caio Sasaki.
Boa parte do mercado acredita que o BC quer derrubar as cotações do dólar, uma vez que a valorização da divisa dos Estados Unidos tende a pressionar os preços. Entretanto, fonte do governo próxima à equipe econômica disse à Reuters nesta segunda-feira que o baixo crescimento da economia limita o impacto inflacionário da alta do dólar.
O dólar abriu em forte alta este pregão, praticamente ignorando o fato de o BC ter anunciado na noite de sexta-feira a rolagem de 20 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda de dólares no mercado futuro.
A autoridade monetária acabou vendendo o lote todo, com volume financeiro equivalente a 986,1 milhões de dólares e, assim, já rolou 40 mil contratos dos 100,8 mil que vencem no início de setembro.
Mas, antes de realizar este leilão, o BC anunciou outra venda de swap cambial tradicional desta vez não para rolagem. Vendeu, então, o lote integral de 40 mil contratos com vencimentos em 1º de novembro deste ano e 1º de abril de 2014. Como consequência, a moeda anulou a alta após o resultado e passou a cair, batendo na mínima de 2,3851 reais.
No terceiro leilão, realizado durante a tarde, a autoridade monetária vendeu 10,05 mil contratos de swap cambial tradicional com vencimento em 1º de novembro de 2013 e 2,5 mil contratos com vencimento em 1º de abril de 2014, com volume financeiro equivalente a 627,9 milhões de dólares. A oferta total era de até 40 mil contratos e também não foi para rolagem.
Pouco após o anúncio do terceiro leilão, a autoridade monetária divulgou que ofertará, na terça-feira, até 4 bilhões de dólares no mercado à vista com compromisso de recompra. O BC não fazia uso desse instrumento desde 20 de junho deste ano.
Por fim, após o encerramento dos negócios, o BC informou que fará também na terça-feira novo leilão de swap cambial tradicional para rolagem dos papeis que vencem no início de setembro. Serão ofertados 20 mil contratos com vencimento de 1º de abril de 2014.
"Eu acho que amanhã vai ser um massacre, vão jogar a taxa de câmbio para baixo", disse o diretor de câmbio da Pioneer Corretora, João Medeiros, ressaltando que o leilão de linha anunciado pelo BC deve retirar, pelo menos no curto prazo, parte da pressão de fortalecimento do dólar.
Analistas têm afirmado que os cada vez mais comuns leilões de swap cambial perderam sua capacidade de conter o fortalecimento do dólar diante das incertezas com os quadros econômicos doméstico e global. Segundo eles, o BC só será capaz de ancorar as cotações da divisa se vender dólares no mercado à vista.
Na semana passada, a divisa norte-americana avançou mais de 5 por cento ante o real. Apenas na sexta-feira, a alta foi de 2,46 por cento, devido ao mau humor de investidores com a política econômica brasileira e após o ministro da Fazenda, Guido Mantega, ter dito que o câmbio mais desvalorizado beneficia a indústria brasileira.
"O mercado está um pouco delicado e o dólar subiu além da conta, está muito alto e é lógico que tem especulação", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca.
A alta do dólar ante o real tem sido muito mais forte do que em relação a outras moedas. Na semana passada, o dólar subiu 2,3 por cento ante o peso mexicano e ganhou 0,1 por cento em relação ao dólar australiano e ao euro.
No mercado internacional, prevalece a expectativa sobre a redução da política de estímulos feita pelo Federal Reserve, banco central norte-americano, que injeta atualmente 85 bilhões de dólares ao mês nos mercados.
Com os sinais de recuperação da maior economia do mundo, o Fed que divulga na quarta-feira a ata da última reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) também já indicou que deve começar a retirar esses estímulos, o que vai reduzir a liquidez mundial.
O cenário trazido com o Fed abalou as moedas de vários países e pesquisa da Reuters sugere que o real e o dólar australiano, que se beneficiaram em grande parte da última década do aumento dos preços de commodities, permanecerão voláteis diante de um novo cenário de política monetária nos Estados Unidos.