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Juros sobem com aperto monetário no cenário

No pregão da BM&F, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com prazo em janeiro de 2014 subiu de 7,62% para 7,72% - ou 0,47 ponto percentual acima da Selic.

Fonte: Valor Econômico

Os juros subiram ontem pela terceira sessão seguida na BM&F, puxados pelo crescimento do número de analistas que admitem estudar a inclusão, já no cenário deste ano, de um aumento da taxa básica Selic, hoje em 7,25%.

No pregão da BM&F, o contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com prazo em janeiro de 2014 subiu de 7,62% para 7,72% - ou 0,47 ponto percentual acima da Selic.

Os investidores ainda reagem aos eventos anteriores ao Carnaval, quando o IPCA de janeiro, que ficou em 0,86%, alimentou declarações do presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, e do ministro da Fazenda, Guido Mantega, sobre a cautela com a inflação e o papel dos juros como instrumento para segurar preços.

A pesquisa do Banco Central com o mercado por meio do boletim Focus, divulgada ontem, ainda mostra expectativa de manutenção da Selic até o fim do ano. Mas cresce a quantidade de analistas que admitem revisar seus cenários. Da mesma forma, levantamento do Valor Data com 10 economistas apontou que as falas de Tombini e Mantega sobre inflação no curto prazo aumentaram a possibilidade de aumento de juros ainda em 2013.

As consultorias e instituições não alteraram as projeções para a taxa básica de juros ao longo de 2013, em 7,25% ao ano - exceção feita à BBDTVM, cujo economista-chefe, Marcelo Arnosti, projeta dois aumentos de 0,5 ponto a partir de outubro deste ano.

Mas ganhou corpo a corrente dos que admitem revisar cenários. "Aumenta a probabilidade de aumento de juros neste ano, mas o mais provável ainda é que [o BC] não faça nenhuma alteração", disse Juan Jensen, economista e sócio da Tendências Consultoria.

O estrategista-chefe do Crédit Agricole Brasil, Vladimir Caramashi, afirma que antes dos eventos que começaram duas semanas atrás o mercado vinha trabalhando com cenário de "juros tabelados". Por isso, houve uma onda de ajustes quando surgiram sinais de que um aperto monetário estaria por vir. "Muitos [investidores] ficaram pendurados nos contratos "14" [DI com prazo em janeiro de 2014]. Com os eventos recentes, a reação foi mais forte."

As dúvidas em relação ao plano do Banco Central de evitar o aperto monetário até 2014 levaram a vendas de Notas do Tesouro Nacional - Série B (NTN-B), títulos públicos atrelados ao Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).

O movimento de venda de NTN-Bs por parte dos investidores foi tão intenso que o mercado não absorveu totalmente a oferta, o que agravou a disparada dos juros futuros. Como reflexo desse fluxo vendedor, o rendimento da NTN-B com vencimento em 2015 subiu na sexta-feira para 2,84%, de 2,66% na véspera. O papel para 2016 rendia 3,18%. Nesse movimento, a inflação implícita dos papéis recuou para 5,43% e 5,49%, respectivamente.

Agora, os agentes aguardam novas indicações, via dados econômicos ou declarações, sobre o rumo da política monetária para afinar as apostas. Hoje é dia de divulgação das vendas no varejo em dezembro apuradas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e, sexta-feira, sai o IPCA-15 de fevereiro.

No mercado de câmbio, o dólar recuou, em dia de fluxos equilibrados e sem a referência dos Estados Unidos, onde houve feriado pelo Dia do Presidente. A divisa recuou 0,10%, a R$ 1,963, após chegar a subir 0,31%, para R$ 1,971, na máxima do dia. Na BM&F, o contrato de dólar futuro para março teve recuo de 0,28%, indicando R$ 1,9665. (Colaboraram José Sergio Osse e José de Castro)