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Gestores esperam obter ganhos com crédito privado e ações em 2013
Para 2013, os gestores veem oportunidades em ativos não tradicionais na renda fixa
Se em 2012 a maior parte do retorno dos fundos de investimento veio do ganho com a queda da taxa básica de juros, que passou de 11,25% para 7,25%, neste ano a grande aposta dos gestores é na aplicação em títulos de crédito privado, como debêntures e letras financeiras, e também na retomada da renda variável.
Em meio às incertezas no mercado externo no ano passado, com o desenrolar da crise na Europa, e o desempenho fraco do Ibovespa, os gestores de fundos foram mais conservadores e aumentaram as posições em caixa.
No ano passado, houve um crescimento das operações compromissadas na carteira - que servem de caixa para os fundos e consistem em transações de curto prazo com o compromisso de recompra -, que passaram de 19,6% em dezembro de 2011 para 22,3% do patrimônio da indústria no fim do ano passado, que encerrou dezembro com R$ 2,250 trilhões.
Para 2013, os gestores veem oportunidades em ativos não tradicionais na renda fixa, como em debêntures e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs) de projetos de infraestrutura, que contam com isenção fiscal para pessoas físicas.
Caixa, Bradesco, Santander e Banco do Brasil estudam lançar carteiras para aplicar nesses papéis. "Estamos procurando ativos não tradicionais na renda fixa", afirma André Abreu, gerente executivo de renda fixa da BB DTVM.
Na parte de títulos bancários, a gestora tem preferido a aplicação em letras financeiras de grandes bancos. Esses papéis, que têm um prazo de no mínimo dois anos e estavam pagando uma taxa entre 105% e 110% do CDI. Os gestores estão mais cautelosos em relação aos papéis de bancos médios depois dos problemas recentes envolvendo instituições como Banco Panamericano, Cruzeiro do Sul e BVA. "Isso trouxe maior desconfiança em relação às outras instituições e estamos mais cautelosos na alocação nesses papéis", afirma Abreu, da BB DTVM.
A nova modalidade de Depósito a Prazo com Garantia Especial (DPGE), acessada principalmente por bancos de médio porte, também deve entrar no radar dos gestores já que os papéis contam com o cobertura do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) até R$ 20 milhões.
Em renda fixa, o gestor da BB DTVM ainda vê retorno interessante em posições para ganhar com a alta da inflação. Os analistas preveem uma inflação acima do centro da meta em 2013, com o IPCA encerrando o ano em 5,49%, de acordo com o último boletim Focus, do BC.
A SulAmérica Investimentos também vê oportunidade de ganho com os papéis indexados à inflação de mais curto prazo, mas aposta que o maior potencial de retorno deve vir da renda variável. "Devemos ver um fluxo de investimento maior para a bolsa tanto de investidores locais quanto de estrangeiros", diz Marcelo Mello, vice-presidente da SulAmérica.
Os investimentos no exterior também devem crescer. O Santander está estruturando dois multimercados para investir em ativos lá fora. Já a Bradesco Asset Management (Bram) vê um cenário mais positivo para commodities e lançou uma carteira que investe em contratos atrelados a esses ativos negociados no exterior.
Em 2012, com a queda da taxa básica de juros, os gestores reduziram a posição em títulos pós-fixados como as Letras Financeiras do Tesouro (LFT), cuja participação na carteira caiu de 45,8% para 32% entre novembro de 2011 e novembro de 2012, enquanto a parcela em papéis atrelados à inflação cresceu de 25,8% para 36,5%.
Os gestores também aumentaram em 9,08% o volume investido em papéis de dívida privada, que respondiam por 24% do patrimônio líquido em novembro.
O maior aumento na alocação em crédito privado se deu em letras financeiras, cuja posição em carteira dos fundos cresceu 48,16%, somando R$ 183,57 bilhões, valor superior ao total aplicado em Certificados de Depósito Bancário (CDBs), que somava R$ 119,9 bilhões em novembro.
Diante do desempenho fraco do Ibovespa, que subiu 7,4% em 2012, a parcela da carteira dos fundos alocada em ações caiu de 14,77% do patrimônio em dezembro de 2011 para 14,1% em novembro.
Já os investimentos no exterior ganharam relevância em 2012. A parcela alocada em ativos de renda fixa lá fora cresceu 156%, somando R$ 33,235 bilhões.