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Entrada de dólar já supera saldo de 2010
De janeiro até 4 de março, o ingresso líquido de dólares no País atingiu US$ 24,36 bilhões.
Apesar das tentativas do governo para conter a valorização do real, o Brasil já recebeu este ano uma enxurrada de dólares em volume maior do que todo o saldo do ano passado. Além disso, os bancos continuam com posições elevadas em apostas de que o real seguirá valorizando, mesmo depois de o Banco Central (BC) ter adotado medidas para restringir esse movimento.
De janeiro até 4 de março, o ingresso líquido de dólares no País atingiu US$ 24,36 bilhões. Em apenas dois meses e uma semana, o fluxo já supera o ingresso líquido de 2010, quando o BC registrou um saldo de US$ 24,35 bilhões. Somente nos quatro primeiros dias de março, o fluxo ficou positivo em US$ 1,42 bilhão.
Os dados do BC, divulgados ontem, mostram que fluxo da moeda para o Brasil continua forte, pressionando a cotação do dólar e acendendo novamente o sinal vermelho do governo para a necessidade de novas medidas cambiais com o objetivo de frear o derretimento do dólar.
Os bancos encerraram fevereiro com posição vendida em dólar (no jargão do mercado financeiro, a aposta em valorização do real) de US$ 12,70 bilhões. Esse nível de posição vendida ainda está significativamente acima do patamar de US$ 10 bilhões, considerado aceitável pelo BC. No início de janeiro, o BC adotou medida prudencial dando um prazo de três meses para os bancos ajustarem suas apostas na valorização do real e levarem as suas operações até o nível desejado.
Pelos dados do BC, a entrada de dólares no ano já soma US$ 114,21 bilhões, para uma saída de US$ 89,85 bilhões. No chamado segmento financeiro (que contabiliza investimentos, remessas de lucros, empréstimos, entre outros itens que não fazem parte da balança comercial), o saldo líquido até 4 de março é de US$ 24,43 bilhões, com compras de US$ 81,21 bilhões e vendas de US$ 56,77 bilhões.
Já no fluxo comercial, o saldo no período é negativo em US$ 78 milhões, com exportações de US$ 33 bilhões e importações de US$ 33,08 bilhões.
Para conter esse fluxo, o BC tem aumentado as compras de dólares no mercado. Até a primeira semana de março, as compras da moeda americana elevaram as reservas em US$ 18,72 bilhões. As compras da moeda no mercado a termo (aquisição com entrega em data futura) elevaram as reservas em US$ 973 milhões nesse período.
Ontem, o BC fez dois leilões de compra no mercado à vista de câmbio, em meio à expectativa de adoção de novas medidas para frear o ímpeto de valorização do real.