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Contabilidade no Terceiro Setor
Os contabilistas podem garantir a continuidade e crescimento de diversas entidades, como as de Terceiro Setor, possibilitando melhor atuação na sociedade
A contabilidade tem papel fundamental no aspecto da transparência, na pessoa do contabilista e dos órgãos normalizadores. Passamos por uma fase de transição, migrando nossas práticas contábeis para as internacionais, principalmente buscando maior transparência dos dados contábeis, auxiliando, assim, os tomadores de decisões. Evidenciar as diversas formas de captação de recursos e suas aplicações é responsabilidade do contabilista que está à frente da instituição. Isso faz parte da sua responsabilidade ética.
Os órgãos reguladores e normalizadores também têm papel interessante no processo de transparência. Eles devem orientar e normalizar a forma de registro e de apresentação dos movimentos financeiros e econômicos, buscando seguir sempre as melhores práticas em nível internacional. A contabilidade pode e deve ter em mente que um dos seus objetivos é fornecer informações estruturadas e padronizadas, e não de maneira a atender alguns usuários em específico. Com total transparência, todos ganham, a instituição, que terá mais facilidade de captar novos recursos, e a sociedade, que passa a ter dados confiáveis para injetar recursos.
Os contabilistas podem garantir a continuidade e crescimento de diversas entidades, como as de Terceiro Setor, possibilitando melhor atuação na sociedade. Lembremos que esse avanço passa por melhor aceitação e entendimento da sociedade sobre os objetivos das entidades, de modo a decidir pelo aporte de recursos. Ninguém fornecerá recursos financeiros para uma instituição em que não acredita, de que desconfia da capacidade e das intenções de seus gestores.
A contabilidade do Terceiro Setor não pode ser vista somente como instrumento para atender a exigências legais. Ela é, principalmente, um instrumento de desenvolvimento e fortalecimentos desse segmento. Somente por meio de relatórios contábeis transparentes e confiáveis é que a sociedade passa a acreditar mais nos objetivos dessas instituições. Regras contábeis e normalização existem; basta o contabilista praticá-las.
Alguns podem dizer que a principal diferença está em que no Terceiro Setor o objetivo não é o lucro, diferentemente das metas das empresas de iniciativa privada. Para mim, o lucro é uma das formas de garantir a continuidade do negócio. É evidente que no Terceiro Setor não temos a figura do lucro, mas temos a do superávit. O que muda são nomenclaturas, mas o objetivo é o mesmo. Pensando assim, o que diferencia a contabilidade aplicada no Terceiro Setor frente à aplicada nas empresas? Minha resposta: em nada.
Não podemos deixar de considerar a grande responsabilidade desse setor perante a sociedade. Esta busca, através das fundações, institutos e ONGs, suprir "gaps" deixados pela atividade pública, pela sua ineficiência. Nesse sentido, busca conhecer melhor de que forma a entidade capta e aplica seus recursos, os detalhes as operações e resultados.
Assim, fica evidente que a sociedade transfere à contabilidade, ou melhor, aos contabilistas, a responsabilidade por apresentar essas informações, de maneira organizada. Entendo que nós, contabilistas, assumimos um papel importante de representantes da sociedade perante essas instituições. É assim que a sociedade percebe a importância e relevância dacontabilidade e dos contabilistas.
A contabilidade é uma ciência social cujo objetivo é controlar, analisar e demonstrar o patrimônio de uma organização, não importando o segmento: público, privado ou Terceiro Setor. Seguidos esses objetivos, os benefícios serão enormes. As instituições terão maior transparência, facilitando, assim, a captação de recursos para a continuidade de suas missões.
Vagner Jaime Rodrigues é mestre em contabilidade, sócio da Trevisan Outsourcing e professor da Trevisan Escola de Negócios